Fiz uma prova em uma empresa pra ver se melhoro a vida ''mais um cadinho'', e eis que uma questão vinha acompanhada de uma poesia de Manuel de Barros e eu como apaixonada por sua obra, me deliciei lendo mais uma poesia dele! O discurso da delicadeza, Manuel de Barros... Enjoy!
Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor! A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta. Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos Manoel de Barros, O menino que carregava água na peneira. |
Boa noite Kelly,
ResponderExcluirLindíssimo esse poema, lembro-me quando o li pela primeira vez, estava numa mensagem homenageando o dia do estudante, me amarrei.
Ah! Boa Sorte! Que Deus dê um sopro a seu favor, basta isso para conquistar tudo que quiser.
bjim