sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Você, diria que isso seria o quê?


É que talvez eu ainda não saiba como explicar, o que muda no meu respirar, toda vez que meu olhar encontra o teu olhar. Inexplicável a luz desses teus olhos sorrindo. Sinestésica a energia de respirar, o ar que invade também os teus pulmões, e sai do teu respirar.
De cá, apenas a te observar, contemplar, fico dentro de mim mesmo a jurar: um dia ainda irei te beijar. Venho sonhando há dias, com o dia em que finalmente o mundo irá parar de girar. Meus lábios anseiam pelos teus tocar.
Meu coração brinca de vir à garganta. Minha pulsação acelera. Suo frio. A boca seca. Médicos diriam que isso seria doença. Psicólogos diriam que isso seria loucura. Amigos diriam que isso seria paixão. Eu digo que isso seria vontade. Você, diria que isso seria o quê?
Havia me esquecido o que era paixão. Coisa à toa que acelera o coração. Havia me esquecido que é possível achar encantos no desconhecido. Que não precisa viver uma vida toda, ou conhecer os avós, para desatar os nós, retirar os pós, e passar a sonhar com um ‘nós’.
Talvez seja clichê dizer, mas você é diferente de todas as outras pessoas que ousei conhecer. A sua calmaria de lagoa, que encontra com os agitos de rio e vai desaguar no mar. Tua voz mansa e sorriso largo, que me provoca surto. Desconcerta o passo.
Faço graça, faço birra, faço farra, fecho a cara, mas tudo para, só quando você passa. Aprendi a ver em câmera lenta, com olhos abertos, respiração em pausa, dedos em trava, boca cerrada e ouvidos atentos, todos os teus movimentos. São raros tais alentos. São poucos nossos encontros. São intensos. São únicos. São meus. São unilaterais. Viscerais.

De cá, apenas a te observar, contemplar, fico dentro de mim mesmo a jurar: um dia ainda irei te beijar. Pois posto que isso seja desejo, loucura ou falta de ar, ainda assim, sigo a jurar: um dia ainda irei te beijar. Escreva no teu diário. Piche as pares do teto. Assino em baixo e decreto: os ventos vão ainda te levar, para juntos achar, um jeito mais firme de caminhar.
                                                                                                          (Matheus Rocha)

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