sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A pergunta que não cala...


O terror de todo solteiro: ir a festas de família. Alguém aí já percebeu a quantidade de pessoas que se interessam pelo seu estado civil nessas festas? A vontade é sempre responder: não te interessa! Por que estar solteira é algo tão ruim assim? A idade vai passando e as pessoas comentam: essa aí vai ficar pra titia. E daí? Meu único sonho é poder escolher meus sobrinhos caso isso aconteça, aí eu descarto de vez quem falou isso.
Não tem nada de mais em não ter alguém para compartilhar a pipoca no cinema, a coberta, o espaço para a escova de dentes e por aí vai. As pessoas sofrem cada vez mais por essa cobrança. Às vezes nem querem arrumar um par, mas porque as pessoas cobram, sentem-se na obrigação de fazer isso. E claro, acabam saindo com o primeiro idiota que aparece (que talvez nem seja tão idiota assim, só não serve pra gente). Quem sofre depois? O coração! E lá vamos nós maldizer o amor.
O engraçado é que só as solteiras se preocupam com essa pergunta. Os que estão vivendo um relacionamento, pouco se importam, respondem com a maior felicidade: estou namorando. E aí começam a falar de coisas que ninguém quer saber. Coisas que não mudam suas vidas em nada. Coisas desnecessárias. Minto, são necessárias para aumentar a fofoca. Não perguntam nunca o que o deixa feliz, o que o motiva, o que você realmente quer para a vida. Exupéry se enganou quando disse que as pessoas grandes só se interessam por números e dinheiro. Bom, pelo menos na primeira parte... Na verdade as pessoas grandes se interessam pelo seu estado civil. Se for um cara bonito, nem é tão grave assim, mas se for sua tia bastarda, a vontade é mandá-la para a lua.
Está namorando? Ótimo! Está solteira? Ótimo também! Os dois lados são ótimos e com exclamação no fim. O mal do mundo é pensar que a felicidade depende de coisas e pessoas. A felicidade depende de nós. Aliás, somos nós. Saia, se enfeite, cante, dance, brinque, beba. O importante sempre será ser e se aceitar. Dançar a música que a vida colocar na vitrola...
Nós não precisamos sempre do amor, precisamos dele certo. As pessoas falam mal do amor, porque amam errado. Acham que é amor, mas no fundo, o coração, a alma e o corpo sabem que não é, e por isso o sofrimento acaba vindo e nos deixando descrentes. O amor sempre será lindo quando acontecer na hora certa. Cabe a nós identificarmos que hora é essa. Claro que o príncipe encantado não existe. E muito menos a metade da laranja. Pra quem não percebeu somos nós quem decidimos quantas partes têm uma laranja. Somos nós que escolhemos se terá uma metade ou vários pedaços que a formam. O amor, assim como prestações de eletrodomésticos, costuma vir parcelado. Uma descoberta por vez. Defeitos? Temos vários. Se olharmos em volta, veremos que as pessoas que mais amamos são cheias de defeitos e nem por isso deixamos de amá-las! Amar alguém é saber amar tudo na pessoa. As qualidades e os defeitos. O bom e o mal. O simples e o complexo. A alegria e a tristeza. A saúde e a doença. Amar o pouco que a gente descobre sobre a pessoa a cada dia.
Todos nós merecemos um amor, mas quando e se quisermos. Se é impossível ser feliz sozinho? Claro que é. Mas a solidão é relativa. Você sempre terá mãe, pai, irmão, irmã, amigos, colegas, etc. O único amor obrigatório é o amor próprio. Daí é só um passo para ser feliz e compreender todo o resto. Dos males, o menor: você vira tia e acaba fazendo o mesmo com a sua sobrinha solteira: “E aí? Ta namorando?” Enquanto ela põe mais peru no prato e te fuzila com os olhos, respondendo de forma nervosa, porém simpática: “Ainda não tia, ainda não!”
(Noemyr Gonçalves)

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