sexta-feira, 26 de abril de 2013

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"No silêncio de uma mulher cabe uma vida inteira..."
(Ziza)

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Já vi borboletas voarem faltando um pedaço da asa e rosas incríveis desabrocharem num copo com água. E é disso que me nutro pra acreditar que a meteorologia nem sempre está certa e que dias cinzentos podem ser prefácios de noites com sol.
(Marla Queiroz)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ela teve medo

O moço na frente dela estava triste. Ela queria ter perguntado o que tinha acontecido, e dizer a ele que essas coisas passam, e que não sabia explicar exatamente como, mas tinha certeza que dias melhores viriam. Sentiu por ele um bem querer robusto, embora delicado. Queria ter lhe estendido às mãos, mostrar que não estava sozinho, e também ter contado da vida dela. Queria o ter acolhido, ter cozinhado pra ele, feito daquela noite um refúgio íntimo e confortável...
Mas não fez nada disso.
Teve 'medo'.
É que diante dele sentia uma fragilidade de vidro.
Uma transparência absurda.
Eram tão parecidos que nunca sabia ao certo se aquela era a história dele, ou a dela.
(Solange Maia)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Mas tudo que eu preciso agora é de espaço pra te construir dentro do meu peito


A gente sai de cena com as roupas rasgadas, bolsos vazios e a mente confusa, sem saber como fomos parar ali. Mas e se pudéssemos jogar todos os livros fora e carregar conosco apenas a página do agora? É tão comum a gente se apegar ao passado e viver numa réplica dele, na ilusão de que estamos andando pra frente… no entanto, se tivéssemos realmente sido felizes no processo, jamais teríamos mudado. Então a gente muda. Mas o problema é que a gente muda sentindo medo demais. A gente navega perto da costa, esquecendo-se de que poderia ser bom perder o horizonte, seguir a vontade da corrente e atracar na próxima ilha. Por mais que ela demore a surgir no infinito, ela é nova, e a gente chegou lá sem bússola.

Já tive sentimentos imensuráveis. Imensurável também era tudo que vinha agregado ao fato de sentir algo que não cabe no peito. Mas tudo que eu preciso agora é de espaço pra te construir dentro do meu peito, com as poucas peças que tenho em mãos.

(Autor desconhecido)

Não vivi mais nada

Chegou quando eu não mais esperava. Cruzou as esquinas todas desconhecidas do meu afeto. O caminho mais perto se refez longe. Chegou enquanto eu preparava o sorriso do dia seguinte, quando já não havia qualquer mútuo interesse. Se qualquer outro amor me deixasse ao lado, como esse, nem falta faria. Eu não sentiria sede. Mas nenhum Amor me ocorreu tão líquido daquele jeito. Pelo que não foi, continua mesmo quando acaba. Dói pra me provar o contrário: eu (quase) te amo — cedo, inevitavelmente. 


(Priscila Rôde)

segunda-feira, 8 de abril de 2013