quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Na própria pele

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.
Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor.
Ana jácomo

Acidez adocicada


Um pouco ácida, um tanto amarga... Mas com a doçura do açúcar que se derrete em um simples cotejar de chuva. Vivo retalhada de fases como os poetas, com alegrias absurdamente doces e ternas, envolvidas em melancorias com um sabor amargo e toque ácido no finzinho. Não sou poeta mas vivo como se fosse...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é."
Pe Fábio de Melo

sexta-feira, 24 de setembro de 2010


Encontros preciosos não são necessariamente os que nos trazem jardins já floridos.

São, um bocado de vezes, aqueles que nos ofertam mudas.


Ana Jácomo

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Se o olhar sabe encontrar o que precisa, o coração sabe o que sentir. Mas é com tempo que a gente aprende a escutar o que vem de dentro. Sem muitas certezas, claro. Certeza mesmo a gente tem é do fim. Da morte. E pros afortunados, da velhice. O tempo aqui vai dando seus sinais. Nada grave. Pelo contrário, tudo melhor. Envelhecer faz a gente ter noção mais clara das coisas.

Depois de muito tempo você percebe o que é importante pra você. O que faz você ser importante. E coloco tudo na balança. As festas que você foi que não tinham nada a ver com você. Mas você ia. Os carnavais que nunca gostou, mas você pulava. Os beijos sem nomes e telefones errados. Os caras errados que você pensava que eram os certos. Isso não tem rótulo. Pessoa certa e pessoa errada. O moço certo não tem rótulo. Ele simplesmente te quer. E aprendi, quero alguém que me queira.

Os sintomas da idade te denunciam nessas escolhas. Dos moços da sua vida até a qualidade da sua comida. É um tal de verificar informações nutricionais no verso. Colesterol. Carboidratos. Gorduras. A qualidade de tudo na sua vida. Qualidade é uma palavra de gente grande. Pra mim é. De gente madura o suficiente pra fazer escolhas. [...]. Por ser uma boa companhia pra você mesma. Às vezes, a melhor.

Mas tudo tem seu preço e amadurecer não fica fora disso. Você fica mais exigente. Paga mais caro pelo que é melhor. Pelo lugar melhor. Pela roupa melhor.Você exige qualidade! Você não quer mais roupas que desbotam na primeira lavada. O material tem que ser de primeira linha. Você quer um moço de primeira linha. Não àquele que te encontra na festa e te esconde por um tempo pra te pegar depois. E sim àquele que quer te encontrar no sábado a noite nem que for dentro da sua casa. Que te liga antes de sair. E não àquele que liga a meia noite pra saber onde você está. Esse, que evita pronunciar o seu nome pra não correr o risco de te confundir com outra. Dai ele te chama: ouw!

Ando nessa fase de descoberta comigo mesma. Curtindo essa nova fase da vida. De melhoras. De boas companhias. Inclusive a minha. Jogando fora os velhos papéis. Dando mais tempo pros pensamentos bons. Dando mais importância pra quem me quer bem e feliz. Reciclando. Amadurecendo. Acreditando. Transformando. Casando comigo mesma um relacionamento que dura para sempre...rs

Vanessa Leonardi

Penso que pode ser culpa do mês de Setembro. Cheio de detalhes esperançosos. Desses, que fazem a gente acordar em estado de leveza, esperança, ou aquele ar de 'tudo está sobre controle'. Daquelas poucas vezes em que o passarinho azul pousa no seu ombro e diz: 'vambora, voar'.

Ai a gente cria uma ideia de ser/estar maior a cada dia. Estando dentro de si mesma, sem esforço. E nessa ciranda da vida a gente sempre tem uma mão pra girar mais solta.

Falamos de flores. Cores e sorrisos largos. E bem sabemos como é carregar saco de pedra como se fosse uma braçada de girassol. Eu sei, elas sabem. Corremos pra perto do anjo da guarda quando sentimos ausência de qualquer coisa que brilha. Afinal, se for pra desesperar, que seja perto de alguém enviado por Deus.

[...]

Dos desejos: que sigamos colorindo. Das querências: que a poesia se esparrame sobre nossas esperanças.

Das vontades: que os pequenos gestos nos levantem do chão. Das verdades: que nossas flores nunca murchem. Dos sons: de músicas perfumadas.

Dos pedidos todos: que nossa espinha esteja sempre ereta. E que nossos castelos sejam sempre re-construídos. Que perto ou longe estamos sempre na mesma roda. Girando. Giramos. Uma mão na outra. Sem soltar. Sorrindo.

Eu tenho um amor colorido [...]. Amo em dobro. Amo do tanto que for, o quanto precisar. Sem caber nem medir. Mas vai ser do jeito mais bonito que consigo. [...]


Leonardi

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes

[...]

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender

[...]

Me deixe aqui pode sair.

[...]


É engraçado como nós amadurecemos aos poucos... mas , poucos completos. Recordo-me que antes toda música me agradava, somente uma'' batida boa'' significa muita coisa pra mim. Talvez fosse a fase teen, que a gente quer viver tudo numa batida frenética, e não vive nada, esquece de presentear-se com algo bom para os pobres ouvidos, não que eu tenha ouvido promiscuidade, não! Sou grata por minha mãe ter um bom ouvido que me influenciou muito bem pra boa música, (Roupa Nova, Legião Urbana, Zé Ramalho, Phill Collins dentre outros). Mas hoje não me agrada a tal da '' batida boa'', tem que ter letra e música que digam segredos nas entrelinhas, que leve a gente a outros lugares tentando imaginar o que o compositor estava sentindo, ou imaginar que ele fez a tal música pra gente...rs
É bom poetizar em meus pensamentos e assim, as letras e a música vão passando devagarinho seguindo o curso dos meus botões! E não me esquecendo do Vander Lee, ele é muito bom, um achado meu ao acaso, pra vida inteira!
Sabe o que eu queria agora, meu bem...? Ouvir um monte de música com conteúdo e sem rótulos... Porque rótulos são pra geléias!rs


Gotas de amor, girassol
Mares de sal, beijo floral
[...]

eu e ela- vander lee
Adoro gente sincera e inteligente, letras de música, sapinhos e joaninhas. Amo meus pais e minha família. Adoro a noite, o céu e o vento, pôr do sol, ler, falar de amor, lírios, inverno, edredon, risadas fora de hora, luzinhas de Natal fora de época, cheiro de chuva, meu quarto, dormir, bilhetinhos, Natal e aniversário. Adoro, Clarice Lispector, Oswaldo Montenegro, telefonemas inesperados, ser mulher, e mais um tanto de coisas... não necessariamente nessa mesma ordem...

Não tolero a falsidade velada que há por aí, e prefiro loucura à insipidez comportamental. Sou intuitiva e generosa...

Mas em mim, o que gosto mesmo é que sei amar só por amar, desinteressadamente.

Solange Maia (adaptado)

domingo, 19 de setembro de 2010


Estou com sede de mudanças, mas não quero arrastar os móveis, nem desentortar os quadros. Quero desabitar meus hábitos.



Marla de Queiroz

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Das vantagens de ser bobo



- O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.
- O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando”.
- Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
- O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem.
- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas.
- O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.
- O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoievski.
- Há desvantagens, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
- Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
- O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.
- Aviso: não confundir bobos com burros.
- Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?”
- Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
- Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
- Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
- O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
- Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.
- Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.
- Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
- Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minhas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
- Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.
- É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

Clarice Lispector


"[...]Como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra”

(Limite branco, Caio Fernando de Abreu)

sábado, 11 de setembro de 2010

Mas não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo me completando nos outros… mas falta um bocado.

Clarice Lispector

Não sacrifique o dia de hoje pelo de amanhã. Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois só na sequência dos agoras é que você existe.

Clarice Lispector

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque, sinceramente, sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.

Clarice Lispector

- Ela é assim! Pronto.
- Mas assim como? Explica!
- Ela é assim um mix de tudo que se possa imaginar dentro de uma grande capacidade de apenas não ser nada em definitivo. Ela é aquilo que não consegue se encaixar em moldes pré-existentes, parece que ninguém nunca foi antes dela. Ela se incomoda com isso, às vezes, muito. Ela é cheia de sentimentos, parece que suas experiências se manifestam é no dorso do seu colo, e quase sempre, de vez em quando, tudo isso pesa. Mas não tem modo, não existe maneira que a faça ser diferente. E ainda, graças a Deus, ela é diferente. Algo que pesa e que tem o dom da leveza, algo que chora e que se manifesta em sorrisos, algo de forte, mas que se desmancha [...]

Clarice Lispector

Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo, por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz… Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega de amor.




Clarice Lispector


' Não haverá borboletas
se a vida
não passar
por longas
e silenciosas metamorfoses'




Rubem Alves

'A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe...
Felicidade é animal arisco. Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la'




[Padre Fábio de Melo]


Sans toi, les émotions d’aujourd hui ne seraient que la peau morte des émotions d’autrefois.






HipólitoO Fabuloso Destino de Amélie Poulain

Há encantos escondidos...


'Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte.
Presta atenção.
São miúdos, mas constantes'

[Pe. Fábio de Melo]
.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Minhas vinte primaveras


Cara, eu fiz 20 anos, dá pra acreditar?rs Só me dei conta alguns dias depois, porque eu sou meio lenta mesmo... 2010 foi em uma única palavra: revolucionário! Eu conheci pessoas incríveis, visitei lugares mágicos e descobri coisas, muitas coisas. Eu fiz coisas boas e ruins. Eu cantei, dancei, pirei, pulei e devo ter conjugado todos os verbos possíveis. Enviei incontáveis e-mails. Eu estudei feito uma louca. Eu vi sonhos passarem, pessoas irem embora e transformações. Muitas transformações. Eu passei de uma aluna impecável com média 9,0 para uma aluna pecável com média 7,5. Eu passei de princesinha do papai doce feito torta de maçã para uma senhorita bem resolvida doce feito mousse de maracujá. Eu passei de dependente de cartão de crédito para dona da própria conta bancária. Eu passei de chata, neurótica e complexa para chata, neurótica, complexa e azarada. Eu fui de antipática a mais antipática na velocidade da luz. Eu mandei gente se foder. É, dá pra acreditar? Mandei, mesmo. Eu dei sermão e até recebi alguns... Eu cozinhei para os meus amigos. Eu fiz uma festa de aniversário para os meus 20 anos e só chamei quem eu queria. Eu disse NÃO. Eu aprendi a dizer não. Eu desprezei e 'deixei pra lá' incontáveis vezes. Eu fui ao cinema sozinha sempre que pude. E eu li livros, muitos livros. Enfim, foi um ano como todos os outros: cheios de coisas novas e de coisas velhas. Cheio de choro, gargalhadas e mãos dadas. Abençoado como sempre. Porque como dizem por ai: no fim tudo da certo. Pelo menos até começar tudo de novo...
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Do que pertence ao seu próprio jardim


E pra cada momento da sua vida, um personagem. Já foi a namorada perfeita. A mais inteligente no trabalho. A mais divertida da turma. A boazuda da cidade. A bronzeada da vez. Você não curte drogas. Nem tem barriga grande. Já leu mais de centenas de livros e tem um papo legal. Inventa uma armadura ou fantasia invisível que vai te levar pro trono. Que vai te ajudar a se envolver com o cara bonitão. Que vai te fazer ganhar o dia com seu chefe e por ai vai. Fantasias que vão te dando 'prêmios'...

Você sempre prester a ouvir. Você sempre faz o que esperam que você faça. Você segue mais seu coração do que sua razão porque foi o que disseram pra fazer. E fica esperando o grande amor nas noites de lua bonita e nas outras também. Você fica sempre esperando. Tudo muito previsivel. Afinal, você ja sabe onde vai acabar. Melhor, você não sabe de nada. Você não tem contrloe da sua situação. Você é controlada!

Vamos lá então rasgar a fantasia. Tirar as máscaras. Pedir licença pra você mesma. Que você não é só sorrisos. Que você também gosta de colo. Que você pode ser a inteligente, a divertida, a namorada nem tão perfeita, a boazuda, mas que você pode continuar sendo você. Cheia de qualidades e defeitos, mas que são só seus. Cheia de vontade de gritar. De jogar tudo pro alto.

Você precisa de verdades. De mostrar aos outros e a si mesma que ser você já é ser digna de uma vida feliz. Sabe por que? Por que você tem valores. Os seus valores. E o primeiro passo pras pessoas te encararem com respeito, seja seus amigos, pais, chefes ou o bonitão que você ta a fim, é ser você mesma. E com muita força. É você ser dona da sua postura pra conduzir a sua vida. E não ser conduzida pelos outros.

Porque quando as coisas costumam dar errado, você culpa o destino. Inventa coisas. Mas na verdade nunca olha pra você. Mais uma vez. Usa o destino como consolo. E fala pra você mesma: Era pra ser assim. Não era pra ser. Se tiver que ser meu... Tudo o destino justifica. Excluindo toda sua culpa, mas também todo mérito.

Dai você acredita e fica esperando que o destino é que vai arrumar sua vida. Que vai fazer você seguir. Espera que o sapo vire príncipe. Ou que o bonitão te assuma e pare de inventar desculpas pra não te namorar.Você espera que todas as suas invenções façam jus à realidade. Que o destino seja mesmo o remédio pros seus males. E perde um pouco a paz. A paz de ser você sem medo.

Paz é uma sensação de dever cumprido. De aceitação. De ver o seu melhor ser aceito, sem brigas. Paz são olhos de mãe te observando com admiração. É ter respeito. E paz não tem nada a ver com destino. Esse que você espera que te entregue seus planos e suas esperas na palma da sua mão. Paz é o plantio de boas ações. É o cuidado com as palavras. É a paciência no meio da tormenta. Paz é uma sensação para poucos.

É uma sensação que não é quente, não é frio e muito menos morno. Te faz leve e segura. Segura pra dizer que suas verdades mudam com o tempo. Mas seus valores não.

Vanessa Leonardi

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Carta de um Padre

"Uma árvore que cai, faz mais barulho que uma floresta que cresce".

Segue carta do padre salesiano uruguaio Martín Lasarte, que trabalha em Angola, de 06 de abril e endereçada ao jornal norte-americano The New York Times. Nela expressa seus sentimentos diante da onda midiática despertada pelos abusos sexuais de alguns sacerdotes enquanto surpreende o desinteresse que o trabalho de milhares religiosos suscita nos meios de comunicação.

Eis a carta.

Querido irmão e irmã jornalista: sou um simples sacerdote católico. Sinto-me orgulhoso e feliz com a minha vocação. Há vinte anos vivo em Angola como missionário. Sinto grande dor pelo profundo mal que pessoas, que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não há palavras que justifiquem estes atos. Não há dúvida de que a Igreja só pode estar do lado dos mais frágeis, dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a proteção e prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.
Vejo em muitos meios de informação, sobretudo em vosso jornal, a ampliação do tema de forma excitante, investigando detalhadamente a vida de algum sacerdote pedófilo. Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália dos anos 80 e assim por diante, outros casos mais recentes...

Certamente, tudo condenável! Algumas matérias jornalísticas são ponderadas e equilibradas, outras exageradas, cheias de preconceitos e até ódio.

É curiosa a pouca notícia e desinteresse por milhares de sacerdotes que consomem a sua vida no serviço de milhões de crianças, de adolescentes e dos mais desfavorecidos pelos quatro cantos do mundo!

Penso que ao vosso meio de informação não interessa que eu precisei transportar, por caminhos minados, em 2002, muitas crianças desnutridas de Cangumbe a Lwena (Angola), pois nem o governo se dispunha a isso e as ONGs não estavam autorizadas; que tive que enterrar dezenas de pequenos mortos entre os deslocados de guerra e os que retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas no Moxico com apenas um único posto médico em 90.000 km2, assim como com a distribuição de alimentos e sementes; que tenhamos dado a oportunidade de educação nestes 10 anos e escolas para mais de 110.000 crianças...

Não é do interesse que, com outros sacerdotes, tivemos que socorrer a crise humanitária de cerca de 15.000 pessoas nos aquartelamentos da guerrilha, depois de sua rendição, porque os alimentos do Governo e da ONU não estavam chegando ao seu destino.

Não é notícia que um sacerdote de 75 anos, o padre Roberto, percorra, à noite, a cidade de Luanda curando os meninos de rua, levando-os a uma casa de acolhida, para que se desintoxiquem da gasolina, que alfabetize centenas de presos; que outros sacerdotes, como o padre Stefano, tenham casas de passagem para os menores que sofrem maus tratos e até violências e que procuram um refúgio.

Tampouco que Frei Maiato com seus 80 anos, passe casa por casa confortando os doentes e desesperados.
Não é notícia que mais de 60.000 dos 400.000 sacerdotes e religiosos tenham deixado sua terra natal e sua família para servir os seus irmãos em um leprosário, em hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças acusadas de feiticeiros ou órfãos de pais que morreram de Aids, em escolas para os mais pobres, em centros de formação profissional, em centros de atenção a soropositivos... ou, sobretudo, em paróquias e missões dando motivações às pessoas para viver e amar.

Não é notícia que meu amigo, o padre Marcos Aurelio, por salvar jovens durante a guerra de Angola, os tenha transportado de Kalulo a Dondo, e ao voltar à sua missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com cinco senhoras catequistas, tenham morrido em um acidente na estrada quando iam prestar ajuda nas áreas rurais mais recônditas; que dezenas de missionários em Angola tenham morrido de uma simples malária por falta de atendimento médico; que outros tenham saltado pelos ares por causa de uma mina, ao visitarem o seu pessoal. No cemitério de Kalulo estão os túmulos dos primeiros sacerdotes que chegaram à região... Nenhum passa dos 40 anos.

Não é notícia acompanhar a vida de um Sacerdote “normal” em seu dia a dia, em suas dificuldades e alegrias consumindo sem barulho a sua vida a favor da comunidade que serve. A verdade é que não procuramos ser notícia, mas simplesmente levar a Boa-Notícia, essa notícia que sem estardalhaço começou na noite da Páscoa. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce.

Não pretendo fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes. O sacerdote não é nem um herói nem um neurótico. É um homem simples, que com sua humanidade busca seguir Jesus e servir os seus irmãos. Há misérias, pobrezas e fragilidades como em cada ser humano; e também beleza e bondade como em cada criatura...
Insistir de forma obsessiva e perseguidora em um tema perdendo a visão de conjunto cria verdadeiramente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico na qual me sinto ofendido.

Só lhe peço, amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza. Isso o fará nobre em sua profissão.

Em Cristo,

Pe. Martín Lasarte, SDB.

Você sabe quantos padres tem o Brasil?

Recebi um e-mail que transformei neste post, e achei ótimo. Por isso, estou enviando a cada um de vocês que sei, são católicos como eu, no intuito de divulgarmos esta notícia e assim estaremos defendendo a nossa Igreja, a nossa fé e tantos padres santos e dignos, que sabemos que há nesta igreja de Deus. Muitos deles já passaram por nossas vidas e deixaram suas marcas positivas. Pensando neles façamos esta unidade.

Você sabe quantos padres tem o Brasil?


Hoje (Junho de 2010) temos 18 mil padres no Brasil. E mais de 100 milhões de fiéis.
Isso significa que cada padre tem que atender a mais de 5555 fiéis.

Agora faça essa conta comigo:

- 10% de 18 mil padres = 1.800 padres
- 1% de 18 mil padres = 180 padres
- 0,1% de 18 mil padres = 18 padres
- 0,01% de 18 mil padres = 1,8 padres

Quantos padres brasileiros estão envolvidos em escândalos pela mídia? 2 ou 3?
Isso significa menos de 0,02% de todos os padres do Brasil!
E os outros 99,98%?
Nós vamos condenar todos os padres por causa de 2 ou 3?
Nós vamos deixar de acreditar em 11 discípulos porque Judas traiu Jesus?
Nós vamos deixar de acreditar no Senhor por causa disso?
Deixaremos de ir à Igreja e de comungar por causa do que a mídia diz?

Pense bem:
Mesmo você sendo pecador e imperfeito, mesmo com dúvida, mesmo que você se afaste da Igreja de Cristo, mesmo assim Ele morreu por você!
O amor de Deus não muda por causa de nossas infidelidades!
Assim nossa fé não pode mudar! Seja inteligente, não se deixe confundir!

SE VOCÊ É CATÓLICO, abrace e defenda com amor a nossa fé!
SE VOCÊ NÃO É CATÓLICO, seja justo e com amor pense bem antes de disseminar inverdades sobre a Igreja Católica!


I love ME


Porque o bom da vida, é achar graça mesmo quando não tem graça...(rs)

''Há tanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei

Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim

Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo

[...]''

Ultrage a Rigor-eumeamo

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Enamorar-se

Apaixonar-se por Deus é o maior dos romances; procurá-lo, a maior das aventuras; encontrá-lo, a maior de todas as realizações”. (Santo Agostinho)


''Quero parece-me contigo
Nos mais simples gestos revelar-te
Por isso corrija-me, modela-me
Faz desta pedra um retrato teu''
(Só um adorador- Toca de Assis)

domingo, 5 de setembro de 2010

As piadas sem graça

De uma lado a poesia, o verbo, a saudade...

Esvaziei tudinho (por enquanto) que esperei publicar por aqui!
Dentre as muitas fases que passei durante esses meses e eu nem notei, porque eu sou completamente distraída (inclusive comigo), essa é uma das minhas prediletas... a de rabiscar palavras... Pode ser que ninguém as leia, mas isso não importa, o importante é que eu escreva...



Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria...
(Z. Baleiro)

Uma vontade besta de voltar...


Saudade segundo o Aurélio: s.f. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir. Nostalgia.

Eu sinto saudade. Muita. De várias coisas. De várias pessoas. De vários momentos. E quem não a sente é porque não aproveita a vida. A saudade é um sentimento que mora dentro da alma e que não tem como tirá-lo de lá.

Diálogo


"— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah. Porque eu sou tímida."

R. Apoena

a-menina-do-sapato-caramelo

Alguém já esqueceu você? Já utilizou este fato, como forma de mudança?
O livro é uma delicadeza e doçura.

Plantada na porta da escola, ela era a única criança que ninguém veio buscar! “Será que tudo o que eu escolho me torna quem sou e define o que vai acontecer comigo?”.


http://www.bookess.com/read/3373-a-menina-do-sapato-caramelo/

Só por que ninguém vai ler, não significa que eu não deva escrever.



(blogdochico)

''Quando as coisas não saem como esperamos, podemos nos enraizar ou considerar outras opções modificadoras da realidade que se insurge diante de nossos olhos! ''



M. Vianna










Eu não tenho cabelos vermelhos e o meu vestido não é amarelo. Eu sou só uma menina invisível, deitada na grama invisível que a moça que não sabia desenhar, não desenhou. Aquele é o menino que eu não lhe falei. Ele sempre está preso num único instante; o instante em que o moço que sabia desenhar, o desenhou.

O balão que subia as nuvens, com várias crianças chamando, teve de desviar o caminho, pois não fazia parte desse desenho. O avião que trazia uma faixa, com linda declaração de amor, teve de mudar a rota, pois neste céu azul é que não foi desenhado. O pombo-correio que veio voando de fora da imagem, bateu o bico na borda e caiu. Por isso, o menino está sempre só.

Se as crianças do balão não conseguiram. Se o avião também não conseguiu. Se nem o pombo-correio teve sucesso, como é que eu, uma menina invisível, feita de palavras, poderia chegar até ele? Foi o que passei dias e dias pensando. Então, numa de minhas viagens, ouvi dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Não tive dúvidas. Abri a oficina invisível, acendi as luzes transparentes e comecei a construir este imenso abraço de palavras. De mil e duas palavras. Para, um dia, entregar a ele.


rita apoena