domingo, 5 de fevereiro de 2012

Imagem : Kelly Cristina Costa

Todos os poemas cabem em si e tem a cor que merecem. Tem gosto eterno. Sabor único. Vírgulas que silenciam por tempo determinado. Curvas. Dribles. Conversas ao pé do ouvido. Fugas e esconderijos. Todos os poemas são filhos. Choram. Esperneiam. Batem pés e verbos. Desobedecem. Desarrumam a sala. Brincam e dormem cedo, quando querem. Todos os poemas amadurecem. Crescem. Ganham corpo. Se perdem no tempo. Todos os poemas doem, remoem almas e pontos. E vertem mágoas, águas, olhos, pontes, caminhos e encontros. E todo poema por mais adulto que seja, por mais livre que esteja, por mais nosso que pareça, tem dono. E fica. E fala. E reconhece o seu ventre pelo faro, pelo lado de dentro. Qualquer amor reconhece a sua alma, ainda que o corpo esteja desfigurado, trocado e falido.
Todos os poemas são filhos. São íntimos. E pressentem quando o caminho não é o de casa.

                                                                                                                                                                                                   (Priscila Rôde)

Nenhum comentário:

Postar um comentário