quarta-feira, 16 de outubro de 2013

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Pode, então, a felicidade, ser esse eu cheio e esperado? Essa provável coisa, calculada, projetada sobre a minha intenção de enxergá-la a qualquer momento mesmo quando amanheço turva, deitada em meus despropósitos? Pode, então, ser de uma comum tessitura, como tudo que veste sem esforços esse meu cansaço? Tudo que — ao soar tão plausível — não umedece os dedos nem balança o instinto? Pode, então, a felicidade, ser só esse cansaço? Esse abraço preenchível, nunca habitado, que guarda todos os edifícios abandonados que sobram e vibram e não abrigam presenças? Pode, então, a felicidade, ser essa tristeza — sem peito e sem futuro — que acostumou-se à desistência? Pode?
(Priscila Rôde)

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