quinta-feira, 24 de março de 2011

As tímidas

Essa postagem li no blog de um seguidor e achei que traduz muito bem o perfil das tímidas por natureza.




''(...) Tudo que de mais belo existe no mundo está necessariamente associado à graciosidade da alma feminina. Alguém discorda?

Para fugir desse tudo que nos levaria a pintar uma obra de arte com palavras, a qual não haveria habilidade suficiente no vocabulário desse aprendiz de Picasso, o que levaria o pincel a uma transe epiléptica, Vamos nos deter nas tímidas. Isso mesmo, aquelas que passam despercebidas na maioria das vezes. Aquelas que na verdade servem de pano de fundo numa paisagem bucólica, sem a qual as outras personagens que vemos por aí ficariam sem contexto para a sensibilidade.

Como são fascinantes as tímidas!

A imagem mais óbvia de uma mulher tímida é ela usando óculos de grau que lhes dá um tom intelectual, de bem comportadas, de meninas que não perdem uma missa ou um culto, são na verdade a mais perfeita imagem da pureza da alma feminina. O olhar de uma mulher tímida é como uma curva fechada numa estrada, não se pode ter pressa para percorrê-lo, é preciso estar com os pés firmes no chão, sob pena de derrapar nesse olhar e perder a linha, a direção, naufragar no mar da admiração. Ainda que de soslaio, “aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora...”.

As tímidas possuem um charme nato, revelado no sorriso discreto tampado pelas mãos. Um abaixar de cabeça ou um ruborizar das faces quando recebem um elogio, que lhes fervem por dentro, mas enverniza por fora o atento admirador que a está elogiando. Nessa peripécia do sorriso escondido, adquirem a sutileza das gueixas japonesas que teimam em esconder a felicidade do sorriso com pesadas maquiagens, mesmo sabendo que isso irá seduzir ainda mais seu admirador.

O charme de uma mulher tímida começa ainda na infância, na forma singela e bem comportada que ela brinca de roda, de pique, de esconde-esconde e leva isso para toda a vida. Já mulher formada, traz consigo uma elegância indelével revelada na forma de cruzar as pernas quando estão envoltas em uma saia ou vestido, na forma como se abaixam para pegar algo que caiu, são como delicadas garças a se alimentarem, que pegam o habilidoso peixe sem estardalhaços, na paz de uma pluma soprada pelo vento.

Uma mulher tímida não anda, ela desliza sobre os pés, quase sempre envoltos em confortáveis sapatos ou sandálias de bom gosto, mas que não chamam atenção. São sóbrias. Mexem com o imaginário masculino, mas apenas nos homens de bom gosto, não dos óbvios, posto que não transparecem seu corpo pelo mostrar e sim pelo vestir. A maioria dos homens são desatentos, daí num país tropical como o nosso, dar uma forcinha com mostras do corpo faz parte da arte da paquera para as outras mulheres. Para as tímidas, isso é impensável, mas saem-se bem na seletividade do olhar, é preciso delicadeza no olhar para admirar a forma de vestir-se de uma tímida.

Como são lindinhas as tímidas falando em público. Apresentando um trabalho no colégio ou faculdade. As maçãs do rosto vermelhas, as mãos trêmulas, ora no bolso, ora cruzada, ora pra trás, inquietude da timidez. A voz adquire um doce veludo que não deixa que se torne enjoativa, pois altera notas e volumes diversos, conforme falam, tomam fôlego e suspiram ao final.

(...)

Danem-se os psicólogos que apregoam que as tímidas são, na verdade, expressão de vaidade, de egoístas que se preocupam mais com a própria imagem que com resultados. Estão enganados. As tímidas, são o que de melhor existe no mundo, ainda que haja um mundo em paralelo na cabeça de cada uma delas. Esperando para ser descoberto por olhos altivos de um cavalheiro com flores no olhar.

Talvez cada mulher tenha em si um pouco de timidez. Seja no olhar, no falar, no caminhar, no vestir, no beijar, em tantas outras peculiaridades do jeito de ser feminino. Reconhecer isso e fazer bom uso da comedida timidez leva tempo. Daí a beleza das mais jovens que ainda não perceberam como lidar com a sua timidez e mais ainda da beleza das mais maduras que já sabem explorar esse lado seu. Em todo caso, é preciso que nós, homens, acordemos para esses pontos de beleza que a alma feminina possui.''


Moacir Willmondes

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